No artigo de hoje, vamos aprender como calcular o valor esperado e a volatilidade do portfólio e como implementar esses cálculos no Excel.
Para começar, vamos aprender a calcular o retorno do portfólio. Veja esse exemplo simples com duas ações.
O retorno do portfólio (+1%) pode ser calculado através da variação total do portfólio de um dia por outro.
Outra forma é calcular via a contribuição de cada ação para o resultado. Essa contribuição é o produto do peso do ativo no portfólio com a variação individual dele.
Por exemplo, se o ativo representar 10% do portfólio e ele subir 10% no dia, a contribuição deste ativo para a variação total do portfólio será 10%*10% = +1%. Ou Seja, se o resto todo do portfólio ficar parado, o portfólio subirá 1% no dia.
No exemplo anterior, a variação do portfólio pode ser calculada, então, por 40%*10% + 60%*-5% = +1%
Dessa forma, a fórmula geral do retorno do portfólio pode ser expressada por:
O valor esperado de um ativo é o quanto você espera que será a rentabilidade desse ativo em um certo período. Por exemplo, quanto você espera que a ação suba nos próximos meses.
Esse é o conceito!
O que causa muita confusão é que o valor esperado normalmente está associado a média de uma distribuição. Isso vem do conceito de valor esperado das aulas de probabilidade.
O problema de fazer isso em finanças (o que muitos livros fazem) é que você está assumindo que a média passada será igual a média futura. Se fosse verdade e tão simples assim, todos os estatísticos já estariam ricos!
Então, normalmente, o que os fundos fazem é uma análise detalhada de possíveis cenários e associam probabilidade a eles.
Por exemplo, tem 10% de chance de o ativo perder -10% em um ano; 15% de perder -5%; 30% de ganhar 10%; 25% de ganhar 15%; 20% de ganhar 20%
Nesse caso, o valor esperado seria igual a 9%!
10%*-10% + 15%*-5% + 30%*10% +25%*15% +20%*20% = 9%
Já percebemos, então, que o retorno do portfólio foi algo que já aconteceu e o valor esperado é algo que vai acontecer ainda. No entanto, ambos estão associados a retornos.
Dessa forma, o retorno esperado do portfólio segue a mesma linha:
Vamos calcular agora a volatilidade (desvio padrão) para o portfólio com 2 ativos. Aqui vai entrar um pouco de matemática, mas nada muito complicado.
Logo, a volatilidade do portfólio é uma função do peso e da volatilidade de cada ativo e da correlação entre eles.
Lembrando que a correlação é uma medida estatística que indica o grau de como dois ativos se movem em relação um ao outro.
A correlação varia de -1 a 1.
Dois ativos com correlação 1, não necessariamente são iguais, mas se movem sempre na mesma direção. Já dois ativos com correlação -1, se movem sempre em direções opostas. Isso significa que, sempre que um ativo subir, o outro vai cair.
Observando a fórmula da volatilidade, conseguimos entender o efeito da diversificação. No final deste artigo, há uma planilha para fazer as contas.
Vamos supor dois ativos. Ativo A com 10% de volatilidade e o ativo B também com 10% de volatilidade.
Se construirmos um portfólio com 50% de cada ativo, ao menos que a correlação entre eles seja igual a 1, a volatilidade do portfólio será menor que 10%!
COMO ASSIM??? Pego 2 ativos com volatilidade 10% e combino eles em um portfólio. A volatilidade do portfólio total será menor que 10%.
Isso é o efeito da diversificação. Como os ativos não tem correlação 1, eles não vão se mover necessariamente na mesma direção.
Exemplo, se a correlação entre eles for 0.5, a tendência é que se movam na mesma direção, mas há uma chance de se moverem em direções contrárias.
Então, se o ativo A cair, o ativo B pode subir e amenizar a perda do portfólio, por exemplo.
Por isso, a correlação negativa diminui ainda mais a volatilidade do portfólio, pois, aí sim, é de se esperar que se um ativo caia, o outro suba.
Em um portfólio de ações, por exemplo, se você adicionar uma posição em dólar (correlação negativa), a tendência é diminuir a volatilidade total do portfólio.
Com 3 ativos, a volatilidade do portfólio fica em:
Já deu para perceber que, conforme vamos aumentando o número de ativos, a fórmula aumenta exponencialmente, né?
Para facilitar isso, conseguimos colocar a fórmula em uma forma matricial.
Se você entende de multiplicação de matrizes, faça o teste para dois ativos e verá que vai ficar exatamente igual a fórmula que calculamos.
Repare que, nessa fórmula, apareceu a matriz de correlação, algo muito usado em finanças. Nessa matriz, você pode ver a correlação de qualquer combinação de ativos do portfólio.
É importante observar essa matriz para encaixar no conceito para o conceito de diversificação do portfólio. Se você montar um portfólio com os ativos com correlações altas (acima de 0.8), você não terá um portfólio bem diversificado.
No final, temos a planilha para fazer todas essas contas.
São duas abas: uma para o caso de dois ativos que conseguimos fazer com o uso de uma fórmula e outra, para o caso de N ativos, que precisamos apelar para a fórmula matricial.
Você verá duas fórmulas complicadas: MMULT e TRANSPOSE. Aí há duas opções: tentar entender as fórmulas ou confiar que estamos calculando pela forma matricial.
Você vai reparar que antes e depois dessas fórmulas há um “{“. Eu já expliquei sobre esse tipo de fórmula aqui.
Planilha para Download
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