O índice Beta é um dos indicadores financeiros mais utilizados no mercado. Agora, vamos entender como calculá-lo e como utilizá-lo.
O índice Beta é um indicador de sensibilidade de um ativo contra um benchmark (referencia) . O padrão é ser contra o principal índice do país. No caso do Brasil, o IBOVESPA.
Então, quando nada é especificado, por exemplo, o Beta de PETR3 é igual 1.2, se deve assumir que é contra o IBOVESPA.
Caso contrário, será especificado. Como por exemplo, o Beta de IGTA3 é 0.9 contra o índice de SMALL Caps.
O índice Beta vem da teoria que o retorno da ação pode ser explicado por uma parte do mercado e uma parte específica da empresa.
Como já falamos, então, o Beta é um indicador de sensibilidade que demonstra como uma variação responde em relação a outra.
Muito mais importante do que decorar a fórmula, é entender suas aplicações e limitações.
Vamos supor que temos um Ativo A com um beta de 0.5 e um Ativo B com um beta de 1.5.
Queremos ter uma noção, por exemplo, do que aconteceria caso o mercado caísse -2% ou subisse +2%.
Com apenas essas informações e sem qualquer dado específico da empresa, nada podemos prever sobre o que aconteceria com cada ativo especificamente.
Então, a melhor estimativa que conseguirmos é com a utilização do Beta. Esse indicador vai te permitir dar um “chute” razoável do que aconteceria com o ativo dada uma variação do mercado.
Essa estimativa de valor do ativo se faz pela variação do mercado vezes o Beta.
Por isso, é que se fala que ações com o Beta menor que 1 são ações defensivas. Ações que vão se proteger (cair menos) em caso de uma crise de mercado. São ações menos voláteis que o mercado.
Já ações com o Beta maior que 1 são ações mais agressivas. Ações mais voláteis que o mercado. Nesse caso, seria melhor tê-las em um cenário de alta do mercado.
Se pesquisar como calcular o Beta, você provavelmente encontrará a formula abaixo:
Não é difícil analisar a equação acima…
Mas, para ficar mais intuitivo, pensar no Beta como uma regressão dos retornos do ativo contra os retornos do mercado.
Quando plotamos um gráfico (ScatterPLot), onde no Eixo Y temos os retornos diários dos ativos (BBDC4 por exemplo) e, no Eixo X, o retorno diário do IBOVESPA, o Excel fornece a opção de traçar uma reta que melhor se encaixa entre esses pontos.
Essa reta é justamente a regressão linear do ativo contra o IBOVESPA.
E segue a equação:
Portanto, o índice Beta é justamente o coeficiente de inclinação da regressão.
Se parar para pensar, está totalmente em linha com o pensamento de sensibilidade de uma variável em relação a outra…
O retorno do ativo (Y) será Beta * o retorno do Benchmark (X)
Na planilha no final para download, vemos então calculando o BETA usando a formula LINEST do Excel. Para não precisar plotar o gráfico assim.
É importante entender as limitações do Beta, ele não é um número mágico!
Em primeiro lugar, vamos lembrar que sempre que fizermos as contas acima, vamos chegar a um valor de um Beta. Mas não necessariamente esse Beta terá algum valor estatístico.
Se por exemplo, eu fizer a regressão de uma empresa americana chamada Dollar General contra o IBOVESPA, eu vou chegar a um valor de Beta 1.02.
Mas, lembrando que a Dollar General (DG US) é uma empresa 100% voltada para a economia americana, ou seja, não tem qualquer relação com o mercado brasileiro.
Dessa forma, esse Beta não tem sentindo algum.
Uma forma estatística de ver isso é analisando o R^2 da regressão.
Simplificando, o R^2 é um coeficiente que mede em quantos % uma variável pode ser explicada pela outra.
Nesse caso, o R^2 é quase zero, ou seja, a variação da Dollar General não pode ser explicada pela variação do IBOVESPA.
No mercado financeiro, R^2 acima de 0.4 já se considera que o Beta tem bom poder explicativo. No Excel, a formula RSQ faz esse cálculo.
É importante lembrar que o Beta é só um bom chute de sensibilidade. No entanto, se você comprou uma ação com o Beta de 1.5 e o mercado subiu 3%, não quer dizer que a sua ação vai subir 4.5%.
Temos que lembrar que existem também fatos específicos da empresa que faz ela andar .
Esse valor seria só uma estimativa que você poderia dar.
Assim como na volatilidade, para calcular o Beta precisamos definir quantos dados (retornos diários) do ativo e do IBOVESPA vamos utilizar.
É importante ressaltar que o Beta não é estável no tempo. Dependendo da janela utilizada, você pode ter valores diferentes.
Olha o exemplo de um cálculo do Beta, considerando toda a janela de dados e, também, em janelas móveis de 22 dias.
Isso mostra que não é um estimador estável. Então, é importante sempre utilizá-lo como um indicador, não para se tomar uma decisão final.
Algo muito comum de se fazer é calcular o Beta do Portfólio. Para se ter uma noção, depois de selecionar as ações, veja como ficou a característica do meu portfólio como um todo.
Se ficou um portfólio mais agressivo ou mais defensivo.
Lembrando que se tenho uma ação com volatilidade de 10% e outra com volatilidade de 5%.
Aí construo um portfólio com 50% de cada…
Ao menos, que a correlação delas seja 1, a volatilidade desse portfólio não será uma média ponderada da volatilidade de cada ação ( 50% * 10% + 50% * 5% = 7,5%)
Não entendeu? Dá uma olhada nesse post aqui.
Isso ocorre por causa do efeito da diversificação, que faz que o Portfólio tenha uma volatilidade menor que a média ponderada das volatilidades.
Já o Beta do portfólio pode ser calculado como a média ponderada.
Se tenho uma ação com o Beta 1 e outra com o Beta 0,5. E, de novo, monto um portfólio com 50% em cada. O Beta do portfolio será 0,75.
O Beta é um risco específico do mercado. Logo, todas as ações “carregam” esse risco.
Nesse caso, então, a diversificação não teria efeito para diminuir o risco do Portfólio.
Agora, no exemplo, é só baixar a planilha e ver como se calcula o Beta no Excel,
Planilha para Download